Wednesday 18 July 2007

Deus, quando isso vai parar?

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Em setembro do ano passado eu estava trabalhando quando o avião da Gol desapareceu do Radar. Mesmo sem poder fazer muita coisa, eu fiquei de plantão atendendo telefones de parentes de tripulantes e tentando ajudar em coisas pequenas, pra facilitar o trabalho duro do pessoal na sala de crise. Sem hipocrisia, eu admito que fiquei abalada, mesmo sem conhecer ninguém que estava a bordo.

Ontem a notícia do acidente da TAM me deixou triste e trouxe lembranças do episódio ocorrido com a Gol a menos de um ano. Mas diferente de antes, dessa vez não fiquei surpresa - chocada pela tragédia, mas não surpresa. Estava mais do que na cara que um acidente como esse estava a ponto de acontecer em CGH - os incidentes anteriores com as aeronaves da BRA e Pantanal não me deixam mentir - . Triste e revoltante é perceber que autoridades negligenciaram o assunto, foram arrogantes demais para assumir o risco, e para aceitar o que todos sempre souberam sobre a pista de CGH ser ruim. Preferiram, como sempre, ceder a pressão (e bonificação) de quem não aceita que CGH não dá mais conta, precisa respirar.

No SBT, os jornalistas perguntavam "O acidente é resultado da crise aérea?". Ele é mais um ingrediente no bolo de arrogância, corrupção e incopetência das autoridades aeronáuticas e do Estado brasileiro.

Um outro jornalista, não me lembro em que canal, comentava que essa não era a hora de procurar culpados, de inquirir a Infraero, a Anac ou o Governo. Não? Quando vai ser então, meu Deus?

Eu estou realmente triste pela tragédia, e por tudo que vem junto com ela.

Monday 16 July 2007

Acabando bem uma sexta 13

Papo de amiga com mini coxinhas de frango e Original no bar do Tinóia, reduto de veteranos em Moema.

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Friday 13 July 2007

Começando bem uma sexta 13

Garota, tô sabendo:

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Thursday 12 July 2007

Enquanto isso congelo

No prédio em que trabalho o ar condicionado funciona muito mal. É mais um retrato da desigualdade em que vivemos: de um lado (ironicamente, o da Marginal Pinheiros), ele não funciona e todo mundo morre de calor. Do outro lado (o da Berrini, claro), ele funciona demais, e todos morrem de frio. Mas fica tão frio que eu sinto o ar gelado em meu rosto como se fosse uma brisa de inverno. Mas fica tão frio que eu vou me encolhendo toda na cadeira, até ficar com 75% do meu corpo sob a mesa. O frio é tanto que eu fico puxando a gola do casado pra proteger a nuca da geada, e uso o cachecol até as orelhas. É tanto frio que as mão endurecem e os dedos digitam com dificuldade. É tanto frio que eu tenho que sair da minha mesa, atravessar a linha do equador e, lá no território tropical do andar, solicitar dramaticamente a regularização da temperatura, por que a minha pele nórdica está ficando congelada.

Wednesday 11 July 2007

Festa do Morango e da comilança

Existe uma época do ano em que Monte Alegre do Sul aparece no mapa do interior paulista. É em julho, quando se realiza a Festa do Morango. Eu quase sempre estive na cidade pelo menos em um domingo do mês de julho, nos últimos 22 anos, mas devo admitir que só me lembro de ter ido uma vez na tão falada festa, e isso faz uns dez anos. Mas, num final de semana tranquilo no Rincão Bão, meu irmão e eu resolvemos levar minha prima de 11 anos (oh, god, i'm really old), comer um crepe.

Me surpreendi, porque, diferente das festas regionais de Jundiaí (Uva, Morango, Italiana...) que com o passar dos anos foram se tornando ponto de encontro dos batedores de carteira, "manos" e maloqueiros da região, a festa de Monte Alegre do Sul continua tão tranquila que nem é preciso pagar os abusivos R$ 10 para deixar o carro no estacionamento (também, com 6.000 habitantes, qualquer um que se atrevesse a bater carteira ia ser logo reconhecido como filho de fulano, neto de cicrano, etc). E a entrada, apenas R$ 6, dá direito a três palcos com música ao vivo (e tem até mpb, pra quem acha que o sertanejo é clichê em festa do interior).

Se estiver de bobeira, vale a pena conferir. No mínimo dá pra se empanturrar de tudo quanto é coisa de morango, comer um dog prensado duplo feito no pão de hambúrguer, experimentar o chocolate quente com conhaque, degustar o Chop Ashby, conhecer as cachaças da região, tomar aquelas batidinhas de quermesse (capeta, xixi de anjo...) em copos gigantes a la copa do mundo, adquirir as mais variadas bugigangas e artesanatos locais e, por R$ 25, ter o seu retrato feito na hora por um desenhista.

Confira a PROGRAMAÇÃO.

Tuesday 10 July 2007

Faz de mim estrela, que eu já sei brilhaar!

Cláu, uma super amiga minha, lá da Terra da Uva, estava um pouco cansada das mesmas baladas e mesmas caras. Então eu a convidei pra fazer algo diferente aqui na capital. Uma balada? Um bar? Não, vamos madrugada a dentro cantando muito brega e conhecendo muita gente doida! O lugar pode já nem ser mais novidade, mas é diversão garantida.

Resultado: sexta foi mais uma noite de pura diversão no Karaokê Liberdade. Ah, e eu tenho que me redimir pelos outros posts, porque a o nome completo da casa (ou o que eu consegui decorar) é mais ou menos: Chopperia Liberdade - Karaokê - Snooker - Restaurante - Sushi - Petiscaria - Churrascaria. Só no nome tem programa pra uma semana!

Os hits da noite by Katya, Cláu e bb foam a plenos pulmões Fio de Cabelo, Fogo e paixão, Lua de Cristal e Tiro ao Álvaro. Como chegamos já meio tarde fomos cantar lá pelas 4h, mas o legal de cantar no fim da noite é que o público, apesar de menor, é muito mais empolgado, com direito a performances ao som do refrão "Quando tão louca me beija na boca, me ama no chão" e acompanhamento vocal de um tenor muito sociável. Para pessoas tímidas (sim, eu sou), esse ambiente é um santo remédio para soltar as frangas, e se sentir uma super star!

Pra reafirmar a minha teoria de que sempre tem gente da Cásper em lugares estranhos, encontramos neste dia uns três ex-casperianos (mas devia ter mais que não conhecemos). E, claro, fora isso mais uma penca de gente de Comunicação de outras origens também.

Manhã de Sol, meu iaia, meu ioio...

Pós muita diversão, má anfitriã que sou nem deixei Cláu dormir. Precisava estar em Jundiaí antes do almoço, para não atrasar a saída da família B rumo ao interior Monte Alegrense. Deu tempo de passar no lar, doce lar, tomar banho e seguir ao bocejos, às 8 da matina, para a já lotada rodoviária do Tietê, e enfrentar aquele monte de gente com montanhas de malas, correndo por todos os lados pra aproveitar o feriado com a família, ou longe dela, que às vezes é dela que se precisa de descanso.

EM TEMPO: O nosso primeiro hit foi Chorando se foi! Esquecimento imperdoável!

Friday 6 July 2007

Projeto Redigir

Divulgação

O Projeto Redigir - curso de redação e gramática da Universidade de São Paulo voltado à comunidade - abrirá 200 vagas para as turmas do próximo semestre, sendo 180 na própria USP e 20 no CEU Meninos. O curso é totalmente gratuito - não há taxa de inscrição nem mensalidades.

O Projeto Redigir atendeu mais de duas mil e quinhentas pessoas desde sua criação em 1999. O curso é destinado a pessoas com baixa renda, que estão no 3º ano do ensino médio ou já o concluíram em escola pública.

Com o lema "Comunicação e Cidadania", o curso trabalha com a comunicação de idéias, estimulando-se o espírito crítico dos alunos, pois entende-se que para escrever um bom texto é preciso antes de mais nada ter a capacidade de refletir, analisar e questionar o mundo ao seu redor. Além disso, as turmas são reduzidas - no máximo 25 alunos - para garantir a qualidade das aulas e um acompanhamento próximo do aluno.

O Redigir é ministrado na Cidade Universitária, na Escola de Comunicações e Artes da USP. As aulas são semanais, com duas horas e meia de duração, e se iniciam no final de julho. Os professores são estudantes de graduação e profissionais formados pela própria Escola de Comunicações e Artes.

Inscrições para as vagas da USP: de 25 de junho a 7 de julho, de segunda a sexta, das 10h às 20h, e sábados, das 9h30 às 13h30, no Departamento de Jornalismo e Editoração, da ECA/USP. Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária.

Inscrições para as vagas do CEU Meninos: dias 7, 8, 14 e 15 de julho, sábados e domingos, das 10h às 15h, no foyer do CEU Meninos. Rua Barbinos, s/n, Jardim Patente.

Importante: A lista de documentos necessários para a inscrição:

- Xerox do RG

- Xerox do comprovante de escolaridade

- Xerox do comprovante de renda de todos da residência que trabalham

A seleção leva em conta critérios sócio-econômicos e não a ordem de chegada. A inscrição deve ser feita pessoalmente pelo candidato. Mais informações no site
http://projeto.redigir.sites.uol.com.br e, nos horários das inscrições, pelo telefone (11) 3037-0618.

Pede-se aos candidatos que levem, se possível, um quilo de alimento não perecível ou uma lata de leite em pó. A arrecadação será doada a asilos e orfanatos.

Horários oferecidos no segundo semestre de 2007:

Redação - USP:
Segunda à tarde - 14h30 às 17h
Terça à tarde - 14h30 às 17h
Quarta à noite - 19h15 às 21h45
Quinta à tarde - 14h30 às 17h
Quinta à noite - 19h15 às 21h45
Sexta de manhã - 9h às 11h30
Sábado - 9h às 11h30

Redação - CEU Meninos:
Sábado à tarde - 14h às 16h30

Gramática (opcionais):
Terça de manhã - 12h às 13h50
Quinta à tarde - 17h10 às 19h
Sábado - 12h às 13h50

Thursday 5 July 2007

Seja consciente. Não vote!

Pra qualquer lugar que olho é campanha do "Vote Cristo". Tava lendo o blog do Padula e até ele se revoltou com a estória de esse Cristo ser uma das 7 maravilhas do mundo moderno (?). Se fosse mesmo pra escolher maravilhas do mundo moderno eu escolheria o a Internet, a TV digital, o MP (3, 4, 5), o Touch Screem, o microondas, o refrigerador e a água mineral. Eu escolheria o avião, e aqueles robozinhos que vão visitar Marte e Vênus, também.

Eu fico realmente decepcionada (cada vez mais) com o caráter DESeducativo da nossa imprensa. Fica todo mundo aí dizendo "Vote Cristo", sendo que a grande maioria da população brasileira jamais viu esse Cristo Redentor de perto, quem dirá os outros monumentos que competem com ele, pra poder estabelecer qualquer comparação. Então eu vou lançar uma campanha vote Terraço Itália, ou Antena da Gazeta, ou estátua do Pe. Cícero. Qualquer coisa, por que pro Brasil só o que importa é estar no ranking, não importa como ele chegue lá (vide Educação e Pobreza, belos exemplos de como enganar os índices).

Eu entrei no site da folha, que tem umas enquetes com as sete maravilhas da arquitetura, arte, cinema, etc. Nem a do cinema eu consegui responder, porque só tinha assistido um filme da lista. Deixem isso pra quem entende do assunto, ou então vá entender do assunto antes de votar. E na política também.

Em tempo: Sete novas maravilhas do mundo: polêmica antes mesmo do anúncio das vencedoras

Sobre o tal Closet

Então, quando eu era criança, meu sonho de consumo era ter um closet. Achava o máximo da expressão da riqueza, da elegância. Depois fui crescendo e passei a achar meio ostensivo, todo aquele espaço, para todas aquelas roupas, e todas aquelas roupas e sapatos para tão pouca gente e tal... uma consciência meio que social, digamos assim.

Mas, no novo apartamento em que estou morando, que tem cerca de 80 modestos m2 e é o maior dos lugares que eu já morei em São Paulo, com certeza, tem apenas dois quartos, porém, três moradoras. Aí veio o dilema: quem ficaria com um quarto só pra si, sem ter esbarrar em outra cama quando for deitar tarde, ou acordar cedo ainda com aquele pesadelo de despertador berrando na sua cabeça?

Para evitar novos conflitos, novamente a cúpula entrou em um acordo. E fizemos um quarto de dormir (que, só com as camas, até que ficou bem espaçoso), e um outro de vestir. E assim, o que era um sonho de consumo na infância, tornou-se um necessidade, bem figurativa, na minha vida adulta.

Wednesday 4 July 2007

Home, sweet home

Após uma semana de muita ansiedade, finalmente chegou o grande dia. O da mudança. Bem, o dia em si não pareceu tão grande, mas a mudança... Essa nos surpreendeu, já que o pensamento minimalista nos assolava por que, realmente, possuímos poucos móveis. Entretanto, quanta coisa, quanta bagunça, quanta sorte. Sorte por que o motorista emprestado, juntamente ao caminhão, por um amigo de Pai B, para transportar a mudança chegou com quatro horas de atraso, pra lá de bagdá. Não fosse o mano meu, geralmente desligado no volante, mas nesse dia astuto como uma raposa, teríamos vira paçoquinha quando o caminhão quase não conseguiu frear na ladeira da Loefgreen.

E eu, quando pensava que já estava surpreendendo como navegadora, sem errar sequer um quarteirão, o mapa me prega uma peça "e agora, esquerda ou direita?". Mano astuto foi reto. Mara boa de memória lembrou e partimos para dar a volta no quarteirão e entrar, então, à direita. E por pouco não viramos novamente paçoquinha e eu ao invés de me mudar para Moema sigo direto ao Paraíso. Deus me livre - não do paraíso, que não quero ir pro inferno de jeito nenhum, mas de morrer assim, tão cedo, sem ter conhecido a Europa, sem ter aprendido a costurar na máquina, sem nem ter terminado o quadro que comecei ano passado onde pretendo pintar a comuna com o meu nome que fica lá na Itália.

Mas então, passadas todas as aventuras, basta estacionarmos na frente do meu novo endereço que aparece, assim do nada, uma senhora com os olhos cheios d'água e a voz embargada procurando pelo seu celta azul marinho, que ela tinha certeza ter estacionado ali, naquela rua, em que sua filha mora. "Não senhora, infelizmente não vimos, acho melhor a senhora procurar a polícia", pensando comigo mesma que quem dera a polícia fosse ao menos capaz de consolar a pobre senhora, que de pobre parecia não ter nada, e de memória menos ainda.

Depois dos sustos, o trabalho pesado. Um leva e traz do caminhão para o saguão, do saguão para o elevador, do elevador para corredor, do corredor para dentro do apê, e lá dentro a distribuição dos itens como dava, depois a gente arruma. A Dona Márcia, mãe de cilidors, tava lá pra ajudar, com um bolo de fubá cozido de dar água na boca. Depois apareceu a Garota que botou nos trinques a cozinha, com destaque para a decoração especial das canecas sobre a geladeira e dos biscoitos armados despojadamente em um cestinho - claro que a decoração assim foi ocasional, afinal ninguém vai deixar os biscoitos assim ao relento para perderem suas propriedades mais crocantes. Super Katyuska forrou o armário da pia com Contact vermelho, dando um tom retrô bem twist, e depois partiu para a sala, transformando a pilha de CD's e DVD's em painel verdadeiramente artístico, onde Maria Rita mantém seus olhos fixos em Chapplin, que embora tenha seu busto voltado na direção dela, olha para o espectador, porque ele sim, era um artista, sem medo de encarar o público.

Cozinha arrumada, Garota foi-se ao encontro do seu mais novo amigo. Camas e Guarda-roupa montados, chuveiro instalado e sofá na posição correta, Mano e ajudantes escalados por Pai B partiram de volta a Jundiaí. Sala em ordem (na medida do possível), fome finda com pizza pronta do Pão de Açúcar, e depois de minutos contemplando a janela indiscreta o prédio vizinho, Katyuska também pegou o caminho da roça.

E as três bravas guerreiras finalmente descansaram em meio às caixas e sacolas ainda espalhadas por seu novo e aconchegante lar, doce lar.

Tuesday 3 July 2007

O fim de mais uma guerra

Depois dos contos sobre o campo de batalha, quase não é surpresa que trincheiras tenham sido romovidas e a infantaria se retirado da luta.

Na verdade não foi uma retirada, mas um ponto final na disputa por um território árido e pobre, sem nenhuma riqueza natural ou potencial de desenvolvimento. Estou falando do bairro em que morava, e onde uma verdadeira guerra se travou com indivíduos de língua hispânica. Um deles, dentro de casa, costumava ser um dos nossos, brigar do mesmo lado, arrastando o seu portunhol e bradando com orgulho que "non tiña sotáque". Entretanto, findado seu relacionamento com uma de nossas soldadas, o desertor equatoriano, que trocou os dólares de Quito pelos reais de São Paulo, decidiu enfrentar a guerra com o seu exército de um homem só.

Ganhando umas batalhas, perdendo outras, ainda tínhamos, eu e mais duas bravas soldadas, que enfrentar a fúria cubana do vizinhos que se punham a cantar aos sábados pela manhã, ou a conversar em alto volume nos dias de semana noite a dentro, ou ainda, a gritar e chorar desesperos de brigas de casal a la dramalhão mexicano (mas eles eram cubanos, então imagina uma mistura de Fidel com Thalia).

Enfim, nem sempre o maior contingente é o que domina o território, não é mesmo? Nesse caso, a cúpula da inteligência militar paulista resolveu com unanimidade que não valia a pena desperdiçar munição e desgastar a força armada na disputa por um território ermo. Cedemos, tão logo encontramos um novo espaço, muito mais promissor. A conquista não foi fácil, tivemos que provar boas intenções e condições de manter o bom funcionamento das atividades econômicas e estrututais, com altos investimentos em seguros. Após muitas reuniões de negociação, o contrato finalmente formalizou a nossa ocupação, mesmo que por tempo determinado e sem o direito ao uso e fruto. Porque, no fim de todas as guerras, as vitórias são condicionadas aos recursos do campo conquistado.