Wednesday 27 June 2007

Ópera quem?

O convite de uma amiga veio convenientemente preencher a minha noite de sábado. Ela precisava de alguém para acompanhá-la em uma super produção patrocinada pela empresa em que trabalha, e já que o evento era uma balada, melhor convidar uma amiga solteira, né?

O evento é o ultimamente comentado Via Gol. Uma nova investida do Marketing na imagem da empresa, que, bem, deu mais ou menos certo até agora. A idéia é inovadora, embora a princípio pareça incompreensível. Uma ópera eletrônica apresentada em um "espetáculo-festa", como eles gostam de chamar. Traduzindo, o evento começa com uma apresentação teatral, em que a ópera é acompanhada por música eletrônica regida por um DJ, e alguns instrumentos clássicos regidos por um maestro. Lembra de Moulin Rouge ou Romeo + Juliet? O antigo e o moderno juntos para contar uma história? Mais ou menos nessa linha, só que no palco. A Ópera é O Guarani (Carlos Gomes), baseada no livro homônimo de José de Alencar. Eu não li o livro e nem sabia que tinham feito uma ópera com ele, mas consegui entender "malemá" a estória. E para ser sincera, não gostei muito.

A forma como o espetáculo foi montado, resumindo absurdamente a peça, misturando elementos, e etc e tal, pedia que o espectador ao menos tivesse lido o livro, para conseguir acompanhar o desfecho. Ou o não desfecho, já que me parece que foi apresentada apenas uma parte do romance de Peri e Ceci. Mas eu gostei muito da idéia de unir dança moderna, música eletrônica e teatro. O que estragou mesmo foi a Ópera, porque não consigo associar o idioma italiano a nenhum dos outros elementos do espetáculo. É como se ficasse perdido ali. Se fosse um musical em português, poderia ser melhor. Mas continuando a falar um pouco das coisas boas: as coreografias eram ótimas mesmo. Elas tornaram as cenas de batalha entre índios e brancos em uma disputa de dança, sem deixar de parecer uma guerra. Todas as lutas, por sinal, foram retratadas de forma bem original. Em uma delas, Peri e o vilão se transformam em personagens de um game e a luta é vencida por rounds, bem no estilo Tekken ou Street Fighter. No palco, uma plataforma de seis ambientes lembrou uma peça de lego gigante onde os atores se dividiam e representavam diferentes movimentos ao mesmo tempo. Acima dessa plataforma, três telões mostravam personagens que não faziam parte da estória (parece que eles eram um tipo de caricatura do público) e nas laterais do palco dois telões mostravam as imagens do palco (como nos shows de música) e a legenda em português da Ópera. Tudo isso ligado, intercalado, na melhor expressão do pós-modernismo que eu me recordo de já ter visto. Depois do espetáculo, a noite continuou com música eletrônica até às 5 da matina (ou mais, não sei).

Enfim, gostei muito da montagem, da estrutura, da mistura música-eletrônica-teatro-dança-antigo-moderno, ou basicamente da parte técnica. Não gostei da Ópera, nem do narrador (que tinha uma dicção péssima) e nem dessa idéia de assitir em pé, pelo desconforto e porque o palco é baixo (quem ficou atrás perdeu a visão da peça e eu, que estava de salto, fiquei com os dedos dos pés dormentes).

Em tempo (ou não): para saber mais sobre o evento, www.arteviagol.com.br

5 comments:

Thiago Padula said...

O Guarani é uma das coisas mais chatas da história da literatura universal. É muito, mas é muito entediante, sem graça, pau no cu mesmo, pra ser mais didático. E o filme superfaturado com o Márcio Garcia como Peri conseguiu a maior façanha de todas: ser pior ainda que o livro.

Dessa ópera aí eu ouvi falar bastante, mas acho que deu pra perceber como eu to empolgado pra ver, né?

bb said...

Pra ser sincera não tá perdendo nada mesmo padula... Até pq o espetáculo-festa custa a bagatela de 50 pilas.

Se eles fizerem uma próxima (parece que a intenção é ter uma série de eventos da categoria), espero que escolham melhor a história. E tirem a Ópera do assunto!

Roberta said...

1) Gostei muito d'O Guarani, vale a pena. Não sou fã de literatura nacional, mas esse eu recomendo.
2) Deixar o público em pé foi a maior furada. Liga pro Cris reclamando. =D
3) Faz-se carreto nesse sábado, 30/06/07, a partir das 13h.
4) Em Moema, porque somos todos chiques.
5) Beijos!

bb said...

Nossa, vc é a única pessoa q eu conheço que gostou desse troço. Eu li umas 15 páginas e desisti!

Anonymous said...

bom..... não é o melhor livro do mundo...... mas tb não é assim tããããooooo horrível..... mas o final patético é made in José de Alencar msm....... mas eu gostaria de ter visto, já q é um tema indígenas seria mais uma experiência antropológica....hahaha